sábado, 14 de março de 2009

E essa onda que tu tira??? E essa marra que tu tem???



(...) Com efeito, nada é pequeno; quem quer que tenha experimentado as profundas penetrações da natureza sabe disso. Embora nenhuma satisfação absoluta seja dada à filosofia, quer ao cincunscrever as causas, quer ao limitar os efeitos, quem contempla cai em êxtase sem fim por causa de todas essas decomposições de forças que levam à unidade. Tudo trabalha para tudo.



(...) Os elementos se misturam, se combinam, se casam, se multiplicam uns pelos outros, a ponto de fazerem com que o mundo material e o mundo moral cheguem à mesma claridade. O fenômeno está em perpétua inclinação sobre si mesmo. Nas vastas trocas cósmicas, a vida universal vai e vem em quantidades desconhecidas, empurrando tudo para o invisível mistério dos eflúvios; empregando tudo; não perdendo um só sonho de nenhum sono; semeando um micróbio aqui, fazendo ali um astro em migalhas; oscilando e serpenteando; fazendo da luz uma força e do pensamento um elemento disseminado e indivisível; dissolvendo tudo, menos esse ponto geométrico, o eu; reconduzindo tudo à alma-átomo; desabrochando tudo em Deus; encadeando, desde a mais importante até a mais insignificante, todas as atividades na escuridão de um mecanismo vertiginoso; ligando o voo de um inseto ao movimento da terra; subordinando - quem sabe? -, nem que fosse apenas pela identidade da lei, a evolução do cometa no firmamento ao girar dos fósseis microscópicos na gota de água. Máquina feita de espírito. Enorme engrenagem cujo primeiro motor é o mosquito e a últina roda é o zodíaco.

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Victor Hugo em "Os Miseráveis" 

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