quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mudanças sociais radicais

Existe sentimento mais nobre do que o de querer mudar o mundo? Lhe digo, pois, que só há uma explicação para esta revolta que brota dentro de mim. A de querer mudar o mundo para que eu mesmo possa me adequar a ele e, assim, poder agir plenamente. Nada mais nobre do que isso!
Eu que agora tomo um rumo e sou chamado de professor por pessoas não muito diferentes de mim mesmo, uma profissão tão virtuosa, tão prazerosa e tão trágica! Pois nela, constantemente a "realidade" lhe vem à cara, lhe policiando, lhe dizendo da impossibilidade de se ter prazer dando aulas... por isso a arte, aos poemas as batatas!

E falamos tanto de guerra que falarei também de outra batalha que é travada diariamente entre professores e alunos. Ninguém quer falar sobre isso, mas a guerra está declarada em cada palavra, em cada olhar, no tratamento dirigido, no programa de ensino que poda a critaividade e o questionamento. A mudança é urgente e, ao que me parece, terá que vir como uma imposição mesmo! Imposta, por ser urgente, pois a atmosfera está demasiadamente tóxica!

Tóxicos que de tão venenosos tornaram minha arte feia, sem cores, sem graça... seria, então, válido, usar o tom bélico para pintar o meu quadro? É certo que, de um jeito ou de outro, há necessidade de trazer o belo de volta às aulas. E por que não aproveitar-se do clima beligerante e usá-lo, não na forma de ameaça, mas sim como uma forma de atração?

E daí, deste início beligerante, mostrar que, apesar de todas as repressões sociais vivenciadas na carne e no espírito, temos a nossa disposição infinitas possibilidades. E que podemos ser 3, podemos ser 300! Podemos ser 300, pois esta repressão toda gera descontentamento, e é através dele que se percebe como somos desvalorizados pela lógica econômica, que nos chantageia e corrompe.

E é aí que eu entro exercendo meu outro papel... o de miserável, implorando por diálogo. De que outra forma seria? Que melhor jeito de poder dar oportunidade à liberdade, a não ser permitindo a livre exposição das idéias, proporcionando assim o "conhece-te a ti mesmo" e também a conscientização da responsabilidade pelos atos cometidos, podendo estes serem dignos de ajuizamento ou respeito? Trabalho de formiga, eu sei.

Pois se há injustiça, a culpa não é do mundo! Não há nada mais justo do que o nosso mundo, mas a nossa busca por justiça, nossas legislações, faz com que a justiça mude de tempos em tempos. Assim, cada época apresenta também um modelo de vitória e outro de fracasso. E, em razão disso, aquela justiça capaz de formar pessoas livres e autônomas ainda não me foi apresentada e, se foi, pouco pude dela desfrutar. O que me é permitido realizar em troca do meu salário? O que me é permitido realizar de concreto mesmo, perante a legislação? Já fui soldado, me tornei miserável e passo a ser, agora, escravo de quem legisla?

Não o seria se meu salário valesse o esforço que emprego! Mas, da forma como tudo se apresenta, me vejo sendo desvalorizado. Há alguém, neste mundo, que se propõe a ganhar menos do que merece em favor de um bem comum maior? Que lugar feliz aquele em que todos trabalham em favor de uma comunidade capaz de sustentar seus cidadãos economicamente!

As artes, as artes... o artista busca a liberdade, pois é ali que ele se expressa. Aos poemas as batatas!!!

3 comentários:

Raskom disse...

Goataria também de saber que idéia de professor os sindicatos dos professores defendem, isso se eles defendem alguma idéia desse tipo em meio as suas outras preocupações.

Anônimo disse...

Quem, hoje em dia, pode dizer que se sente devidamente valorizado?

Tudo anda tão ambíguo, que até os valores não fazem mais sentido...

Anônimo disse...

Financeiramente falando, mr. paschoal? pois se estamos falando de salário, há muitos empregos que valorizam, até demais, o esforço empregado pelo sujeito!

a ambigüidade sempre existiu e os valores mudam conforme o maestro!

mas, a questão que eu levanto é a seguinte: o que fazer quando vc sente de coração - na carne e no espírito - que seu esforço não está sendo devidamente valorizado? Vc ignora isso, e passa a buscar por carinhos anestésicos... ou vc se faz impor, mostra seu descontentamento e dança no compasso ditado pelo seu rítmo cardíaco?