segunda-feira, 21 de julho de 2008
Street Figth Man
domingo, 20 de julho de 2008
Vestígios
"Estamos enfrentando alguém que não é normal... tanto física, quanto mentalmente. E é o aspecto mental que me preocupa... porque, pra desvendar esse caso... vou ter que entrar na cabeça desse maluco... pensar como ele... e isso me assusta."
*a estrada, a verdade a vida.
Allan Moore & David Lloyd em "V de Vingança", Tomo 3 "A Terra do Faça-O-Que-Quiser", cap. 4
Valerie
'EU NASCI EM NOTTINGHAM, EM 1957. CHOVIA UM BOCADO. PASSEI NO TESTE DE AVALIAÇÃO E FUI PRA UMA ESCOLA FEMINIA. EU QUERIA SER ATRIZ. CONHECI MINHA PRIMEIRA NAMORADA NA ESCOLA. SEU NOME ERA SARA. TINHA QUATORZE ANOS E EU, QUINZE. NÓS DUAS ESTÁVAMOS NA CLASSE DA SRTA. WATSON. SUAS MÃOS...ELAS ERAM LINDAS. NA AULA DE BIOLOGIA, CONTEMPLANDO O FETO NO JARRO DE PICLES, FIQUEI OUVINDO A SRA. HIRO DIZER QUE ISSO ERA UMA FASE DA ADOLESCÊNCIA QUE AS PESSOAS SUPERAM. SARA SUPEROU. EU, NÃO. EM 1976, PAREI DE FINGIR E LEVEI UMA NAMORADA, CHRISTINE, PRA CONHECER MEUS PAIS. UMA SEMANA DEPOIS, FUI PRA LONDRES E ME MATRICULEI NA ESCOLA DRAMÁTICA. MAMÃE DISSE QUE PARTI O CORAÇÃO DELA... MAS MINHA INTEGRIDADE ERA MAIS IMPORTANTE. ISSO É EGOÍSMO? PODE NÃO SER MUITO, MAS É TUDO O QUE NOS RESTA AQUI. SÃO NOSSOS ÚLTIMOS CENTÍMETROS...MAS, NELES, NÓS SOMOS LIVRES.'
- Certo. Agora, Srta. Hammond, vamos rever os fatos. Você trabalha para Condinome V. Ele mata autoridades. Peter Creedy é uma autoridade. Ele freqüenta o Kitty-Kat-Keller. Você foi encontrada do lado de fora do estabelecimento com uma arma. Estava planejando matar o Sr. Creedy, sob ordens de Condinome V. Não foi isso que aconteceu, Srta. Hammond?
- Não! Por favor, não é a verdade...
- Por favor, Rossiter!
- Sim.
- Não! Espere! Por favor, não!
'LONDRES. EU ERA FELIZ EM LONDRES. (...) QUERIA MAIS DO QUE AQUILO. O TRABALHO EVOLUIU. CONSEGUI PEQUENOS PAPÉIS EM ALGUNS FILMES. DEPOIS MAIORES. EM 1986, PARTICIPEI DO AS DUNAS DE SAL. GANHOU TODOS OS PRÊMIOS, MAS NÃO O PÚBLICO. CONHECI RUTH TRABALHANDO NELE. NÓS NOS AMÁVAMOS TANTO. FOMOS MORAR JUNTAS. NO DIA DOS NAMORADOS, ELA ME MANDAVA ROSAS. E, DEUS, TÍNHAMOS TANTO. FORAM OS TRÊS MELHORES ANOS DA MINHA VIDA. EM 1988, HOUVE A GUERRA... DEPOIS DISSO, NÃO HOUVE MAIS ROSAS. PRA NINGUÉM. EM 1992, DEPOIS QUE TOMARAM O PODER, COMEÇARAM A PRENDER OS HOMOSSEXUAIS. LEVARAM RUTH ENQUANTO ELA PROCURAVA COMIDA. POR QUE ELES TÊM TANTO MEDO DE NÓS? QUEIMARAM RUTH COM PONTAS DE CIGARRO E FORÇARAM A COITADINHA A DAR NOMES. ELA ASSINOU UMA DECLARAÇÃO DE QUE FOI SEDUZIDA POR MIM. EU NÃO A CULPEI. EU AMAVA RUTH, NÃO PODIA CULPÁ-LA. MAS ELA SIM. RUTH SE MATOU EM SUA CELA. ELA NÃO PÔDE VIVER DEPOIS DE ME TRAIR, APÓS CEDER AQUELES ÚLTIMOS CENTÍMETROS. OH, RUTH... ELES VIERAM ME BUSCAR. DISSERAM QUE TODOS OS MEUS FILMES SERIAM QUEIMADOS. FUI TRAZIDA PRA CÁ E DROGADA. NÃO SINTO MAIS MINHA LÍNGUA E NEM POSSO FALAR. A OUTRA LÉSBICA DAQUI, RITA, MORREU DUAS SEMANAS ATRÁS. ACHO QUE VOU MORRER LOGO TAMBÉM. É ESTRANHO QUE MINHA VIDA POSSA ACABAR NESTE LUGAR HORRÍVEL. MAS, POR TRÊS ANOS, EU RECEBI ROSAS E NÃO TIVE DE PRESTAR CONTAS A NINGUÉM. EU VOU MORRER AQUI. CADA CENTÍMETRO DE MIM MORRERÁ...EXCETO UM. UM SÓ. É PEQUENO E FRÁGIL E É A ÚNICA COISA NO MUNDO QUE AINDA VALE A PENA SE TER. NÃO DEVEMOS JAMAIS PERDÊ-LO, VENDÊ-LO OU ENTREGÁ-LO. NÃO PODEMOS DEIXAR QUE ALGUÉM TIRE DE NÓS. NÃO SEI QUEM VOCÊ É, SE É HOMEM OU MULHER. TALVEZ EU NUNCA O VEJA, NEM TE ABRACE, NEM BEBAMOS JUNTOS...MAS EU TE AMO. ESPERI QUE CONSIGA FUGIR DAQUI. ESPERO QUE O MUNDO MUDE, QUE AS COISAS MELHOREM, E QUE, UM DIA, AS ROSAS VOLTEM. QUERIA PODER TE BEIJAR. VALERIE.'
Conheço cada centímetro desta cela. Ela conhece cada centímetro de mim. Exceto um"
Allan Moore & David Lloyd em "V de Vingança" Tomo 2, "Este Vil Cabaré", cap. 11
sábado, 19 de julho de 2008
Vertente Vocacional
Já se passou muito tempo desde aquela época, não é verdade? E, claro, tem toda razão... até hoje, você não faltou um dia. Muito bem, ó servo bom e fiel*. Por favor, não pense que me esqueci da sua admirável folha de serviços, ou das valiosas contribuições que presou à empresa. O fogo, a roda, a agricultura... uma lista respeitável, meu velho. Realmente muito respeitável. Mas... bem, para ser franco, nós andamos tendo problemas. Não se pode fechar os olhos para isso. Na sua indisposição natural para subir dentro da empresa. Você não quer encarar responsabilidades verdadeiras, nem ser seu próprio chefe. Deus sabe quantas oportunidades já teve.
Várias vezes, nós lhe oferecemos promoções, e você sempre recusou. "Isso é muito pra mim, chefia. Eu conheço meu lugar." Para ser franco, você nunca nem tentou. Sabe... como não progride há muito tempo, isso já começa a afetar seu trabalho... e, devo acrescentar, seu padrão de comportamento também. Os constantes desentendimentos na fábrica não escaparam à minha atenção... nem os surtos de desordem na cantina dos funcionários. Além disso, posso citar... hmmm. Bem, eu não queria trazer isso à tona, mas... sabe, andei ouvindo coisas desagradáveis sobre sua vida pessoal. Não. Nada de nomes. Quem me contou, não importa. Estou sabendo que você não consegue mais se entender com sua esposa... me disseram que os dos brigam muito, que você grita... falaram até de violência. Fui informado que você sempre magoa aquela que ama... aquela que jamais deveria magoar. E seus filhos? São sempre as crianças que sofrem, como você bem sabe. Pobrezinhos! O que fizeram para merecer isso?
O que fizeram para merecer sua truculência, seu desespero, sua covardia e todas as intolerâncias cultivadas com tanta estima!
Isso é tudo pode voltar ao trabalho. As tarefas normais devem começar tão logo seja possível."
Allan Moore & David Lloyd em "V de Vingança", Tomo 2, capítulo 4.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Então caminho, cambaleante. Posso estar faminto agora, mas nunca estive tão perto de voar, finalmente! Estou sozinho como nunca estive antes, abandonado e com muitas dores.
Sonhos estranhos, rumo ao desconhecido...por incrível que pareça, como todos, estava me acostumando a esta rotina infernal! Não havia parecer existir nada além daqui!
Nosso sangue escorrendo, nossa vida se esvaziando e todos aqui...querendo mais o quê? Aqui, nunca haverá nada a mais!
Não existe Pato Fernando!
A única coisa real, aqui, é a nossa morte! E quem não vê isso, abraça a morte antes do tempo sem nem perceber! Entendido isso, não há mais nada de especial aqui. Pois para todos, tudo continua igual...para mim, o que mudou?
Só segui o meu curso natural...eu tinha que começar a rastejar, pois simplesmente não queria me matar! Agora ando, mancando, a cabeça doendo até não sei quando...talvez ela doa justamente porque esta não é a hora de dormir.
Depois eu durmo. Primeiro a porta.
domingo, 13 de julho de 2008
Cópia
A onda e a sombra
Homem ao mar!
Que importa? O navio não pára. O vento sopra, o sombrio navio continua em sua rota forçada e passa.
O homem desaparece, depois reaparece, mergulha e volta à tona, chama, estende os braços; ninguém o ouve. O navio, estremecendo sobre o tufão, está voltado a suas manobras; nem os marujos nem os passageiros vêem mais o homem submerso; sua cabeça é apenas mais um ponto escuro na imensidão das ondas.
Grita desesperadamente das profundezas. Que espectro essa vela que foge! Olha freneticamente para ela. E ela se afasta, vai desaparecendo, some. Havia pouco ainda ele estava lá, fazia parte da tripulação, ia e vinha no convés com os outros, tinha sua porção de ar e de sol, vivia. Agora, o que havia acontecido? Escorregara, caíra, tudo se acabara.
Está dentro da água, que é monstruosa. Sob os pés, nada mais que ruína, nada encontra. As vagas envolvem-no pavorosamente, rasgadas e sacudidas pelo vento; o vai-e-vem do abismo o empurra; os farrapos das águas agitam-se em volta de sua cabeça; uma multidão de ondas rebenta sobre ele; estranhas aberturas quase o devoram; cada vez que afunda, entrevê precipícios escuros; uma medonha vegetação o prende, emaranha-se em seus pés, o atrai para ela; ele sente se transformar em abismo, fazer parte da espuma; as ondas jogam-no de um lado para o outro; ele bebe o amargo; o oceano, covarde, se empenha em afogá-lo; a imensidão brinca com sua agonia. Parece que toda essa água é ódio.
Mas ele luta.
Tenta defender-se, tenta sustentar-se, esforça-se, nada. Ele, pobre força logo esgotada, combate o inesgotável.
Onde está o navio? Longe. Mal se avista por entre as trevas pálidas do horizonte.
Sompram rajadas; a espuma das ondas o vence. Levanta os olhos e não vê mais a lividez das nuvens. Assiste agonizante ao imenso delírio do mar e é ele o castigado por essa loucura. Ouve ruídos estranhos ao homem, que parecem vir de fora da terra e de algum terrível lugar.
Há pássaros nas nuvens, assim como há anjos por cima dos infortúnios humanos. Mas o que podem fazer por ele? Os pássaros voam, cantam, planam, e ele, agoniza.
Sente-se sepultado ao mesmo tempo por esses dois infinitos: o oceano e o céu; um é o sepulcro, o outro, mortalha.
Vem a noite. Há horas que ele nada, está no fim de suas forças; aquele navio, aquele vulto longíquo onde havia homens, apagou-se; ele está só num formidável turbilhão crepuscular; afunda, se debate, se retorce, sente abaixo monstruosas vagas do invisível; chama.
Não há mais homens. Onde está Deus?
Grita. Alguém! Alguém! Grita sem parar. Nada no horizonte, nada no céu.
Implora ao espaço, à onda, à alga, ao recife; são surdos. Suplica à tempestade; a tempestade, impertubável, só obedece ao infinito.
Em torno dele, escuridão, névoa, solidão, tumulto tempestuoso e inconsciente, redemoinho incessante das águas bravias. Dentro dele, horror e cansaço. Abaixo dele, a desgraça. Nenhum ponto de apoio.
Pensa nas tenebrosas aventuras de um cadáver na escuridão sem limites. Um frio imenso o paralisa. Suas mãos crispam-se, fecham-se e agarram o nada. Ventos, nuvens, turbilhões, rajadas, estrelas inúteis! Que fazer? Desesperado, abandona-se, cansado, deixa-se morrer, não se importa, deixa-se ir, larga mão, para sempre avança pelas lúgubres profundezas da voragem que o engole.
Ó implacável marcha das sociedades humanas! Perda de homens e de almas no meio do caminho! Oceano, onde desaparece tudo o que a lei desampara! Sinistro sumiço de socorro! Ó morte moral!
Mar, a inexorável escuridão social onde a penalidade arremessa seus condenados. Mar, a imensa miséria!
A alma, na correnteza desse abismo, torna-se cadáver. Quem a ressucitará?
Victor Hugo. Os Miseráveis, vol.I Livro Dois "A Queda", cap.VIII
A versão não-censurada é mais provocadora
Isso tudo porque Raul tinha papel e um grande muro para dar recados.
Quem não tem presente se conforma com o futuro
sábado, 12 de julho de 2008
Nada do que nós já não falamos
A música conta a história de alguém que buscou sua heroína e no fim achou somente o deserto. Este deserto, porém, era falso pois ele não cessava a busca por algo irreal. A heroína em questão apenas emprestava seus poderes, cobrando como preço a sua visão de mundo, ainda ilusória.
Os heróis desta Liga também encontraram-se num deserto, cada um seguindo o seu caminho. Ao contrário do anterior, este deserto é real! É ele o único amigo e não é uma mentira! Nenhum Dalai Lama nos poderá guiar-me ao amor, estou sozinho e meu sangue tem que circular, perfeitamente.
Sometimes I feel like my only friend
Is where I drew some blood
III
Só agora pareço estar leve suficiente para poder ficar de pé. Caminhar para a saída agora será outro desafio. Minha cabeça gira e dói...talvez porque fazia tempo que meu sangue não circulava. E meus pés...há um espinho em meu pé! E por isso estou mancando, diria um amigo. Mas preciso caminhar, assim mesmo. E preciso seguir uma direção pois não há tempo para andar em círculos. Preciso achar uma saída. Agora!
domingo, 6 de julho de 2008
Tomorrow Never Knows
Turn off your mind, relax and float down stream,
It is not dying, it is not dying